segunda-feira, 30 de julho de 2012

Cientistas descobrem 'cupins-bomba camicases' na Guiana Francesa

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Membros mais velhos da colônia carregam substâncias tóxicas em 'mochilas' que são lançadas sobre inimigos após 'explosão'.

Especialistas belgas encontraram uma nova espécie de cupim na Guiana Francesa com uma característica curiosa e que, até hoje, nunca havia sido documentada.

À medida que envelhecem e se tornam menos capazes de cumprir as tarefas do dia a dia, os insetos desse grupo começam a armazenar cristais sólidos que produzem uma reação química quando misturados com outras secreções do animal.
Como resultado, seu poder defensivo aumenta, o que lhes confere grande utilidade para a colônia.
Já se sabia antes que alguns tipos de cupins, para defender sua comunidade, podem literalmente "se explodir", liberando uma enxurrada de produtos químicos sobre seus inimigos.
Assim, quando confrontados com uma ameaça à integridade da colônia, estes cupins cometiam suicídio para defender seu grupo.
No caso dos cupins da Guiana Francesa, explicam os especialistas, a diferença é que cabe aos insetos mais velhos a responsabilidade do "suicídio coletivo" frente a uma ameaça. Ou seja, tornam-se camicases, ou "cupins-bomba", da colônia.
Exemplares de cupins-bomba que foram encontrados durante exploração realizada na Guiana Francesa (Foto: Robert Hanus/ Université Libre de Bruxelles/BBC)
Corrosão letal
"Um estudante de graduação em meu laboratório, Thomas Bourguignon, estava pesquisando a ecologia comunitária dos cupins e coletando amostras, quando, de repente, se deparou com algo realmente especial", disse à BBC o professor Yves Roisin, da Universidade Livre de Bruxelas.
Roisin explica que ao romper partes de seu corpo, os cupins da espécie Neocapritermes taracua liberam substâncias tóxicas que são jogadas sobre os invasores, correndo seus corpos.
"As secreções tóxicos para a defesa são normalmente armazenados nas glândulas salivares, mas esta espécie transporta uma 'mochila' com dois tipos de cristais sólidos do lado de fora do corpo. Quando o cupim 'explode', os dois são misturados para produzir uma substância tóxica mais potente", afirmou Roisin.
Ainda não se sabe como esses cupins conseguem sintetizar os cristais. Também é desconhecido se outras espécies deste gênero desenvolveram um mecanismo semelhante. "Há cerca de cinco ou seis espécies deste gênero, mas até agora encontramos a presença de cristais do lado de fora do corpo apenas da Neocapritermes taracua", disse Roisin. O estudo foi publicado na revista americana "Science".

sábado, 28 de julho de 2012

Número recorde de baleias-francas é visto no litoral de Santa Catarina

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103 animais foram monitorados pelo sobrevoos do Projeto Baleia Franca.
Entre as baleias, foi visto um filhote albino, ocorrência rara na espécie.

Do G1 SC
Filhote albino, ocorrência rara na espécie, foi um dos animais observados  (Foto: Paulo Flores, ICMBio/PBF-Brasil)
















Um número recorde de baleias-francas foi visto nesta quinta (26) e sexta-feira (27)  no litoral catarinense. Foram 103, de acordo com os monitoramentos feitos pelo Projeto Baleia Franca divulgados na tarde desta sexta (27).

Na primeira parte do sobrevoo, feito na quinta (26) foram vistos 62 animais entre Imbituba, no sul catarinense, e Torres, no Rio Grande do Sul. Na segunda parte, realizada na sexta (27), entre Imbituba e Lagoinha do Leste, em Florianópolis, foram observadas mais 41 baleias. Do total dos dois dias, 32 eram filhotes, muito deles bem pequenos, podendo ter nascido há poucos dias.

Desde julho de 2002, quando o primeiro monitoramento por voo foi realizado,  este é o ano em que mais baleias foram avistadas. O recorde anterior pertecia a 2009, quando foram vistos 61 animais. Alguns desses mamíferos, que estiveram no litoral catarinense há três anos, retornaram para procriar, já que o ciclo reprodutivo da espécie é trianual, segundo o Projeto Baleia Franca.

Também foi localizado um filhote albino, ocorrência rara na espécie devido à baixa probabilidade de combinação genética necessária para essa característica. “O resultado deste sobrevoo pode ser um reflexo do crescimento populacional da espécie e é uma recompensa por nossos esforços de conservação e pesquisa do Projeto Baleia Franca", comemora Karina Groch, diretora de pesquisa da entidade.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Turista encontra baleia morta em mar do arquipélago de Abrolhos, na Bahia

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Mamífero encalhou na região de Parcel das Paredes na tarde de terça-feira.
É o primeiro registro de encalhe de baleia em 2012, diz entidade ambiental.
Do G1 BA
Baleia foi vista por um turista em Abrolhos










(Foto: José Carlos Ferreira/Arquivo Pessoal )






Uma baleia jubarte foi encontrada morta no fim  da tarde de terça-feira (24), na região de Parcel das Paredes, no Arquipélago de Abrolhos, no extremo sul da Bahia. De acordo com o Instituto Baleia Jubarte, esse é o primeiro registro de encalhe de baleias na Bahia em 2012.

O mamífero foi localizado por um turista que passava pela região. Segundo a entidade, veterinários foram ao local e constataram que a baleia estava em avançado estado de decomposição. Foi coletado material do animal para avaliação. A baleia foi deixada no local onde encalhou porque já estava sem vida.
O Instituto Baleia Jubarte estima que 10 mil baleias da espécie passem pelo litoral do Brasil durante a temporada dos mamíferos no país, que começa em julho e vai até outubro. As baleias jubarte viajam por dois meses para acasalar e ter filhotes nas águas do litoral do extremo sul da Bahia.

Em caso de encalhes de baleias, golfinhos, focas ou lobos-marinhos, o Instituto Baleia Jubarte informa que a população pode entrar em contato com o "programa de resgate", feito em parceria com o Instituto Mamíferos Aquáticos, através dos telefones de emergência: 71 3676-1463 d 71 8154-2131 (Praia do Forte), além de 73 3297-1340, 73 8802-1874. Os números recebem ligações a cobrar e funcionam 24 horas.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Ave rara será reabilitada na Estação Veracel para retornar a vida livre

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PORTO SEGURO - No último dia 30/06, a RPPN Estação Veracel recebeu uma ave rara para reabilitação e posterior devolução à vida livre. Trata-se de um gavião-real, também conhecido como harpia, resgatado no interior da fazenda Sertaneja, em Vera Cruz, distrito de Porto Seguro.

Com a indicação da comunidade, a ave foi resgatada pela Companhia Independente de Policiamento de Proteção Ambiental (CIPPA), e levada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA, na região. Após a realização de exames, a harpia foi transferida para um recinto especial e está sob os cuidados dos especialistas do Projeto Harpia na Mata Atlântica, sediado na RPPN Estação Veracel, Porto Seguro.
A harpia foi considerada um indivíduo jovem, com idade estimada entre 2 e 3 anos. Depois dos primeiros cuidados oferecidos pelo IBAMA, a ave foi submetida a uma análise técnica sobre sua capacidade física, como parte dos procedimentos de inserção ao Programa de Conservação do Gavião-real (PCGR), por meio do Projeto Harpia da Mata Atlântica.

De acordo com o médico veterinário, Thiago Habib Almeida, foram realizados todos os procedimentos exigidos pelos especialistas, e o diagnóstico para a harpia foi o melhor possível. “Fizemos radiografias dos membros e tórax, medimos todas as partes do corpo, conferimos o peso e ainda realizamos alguns exames de sangue específicos. A ave se encontrava um pouco debilitada, mas acredito que terá uma boa recuperação em cativeiro”, complementa o veterinário.
No harpiário da Estação Veracel, a ave passará por uma fase de reabilitação que deve levar alguns meses, por meio de um isolamento sonoro e visual para a manutenção de seus instintos primários, pois o objetivo é que a ave retorne ao local de origem. “Esse isolamento é extremamente necessário para que ela possa manter alguns hábitos específicos da espécie. Este recinto foi projetado de forma a permitir o contato das aves prioritariamente com a natureza”, destacou Ligia Mendes, gestora da Estação Veracel. Essa estrutura já recebeu duas outras harpias em processo de reabilitação. Ambas já devolvidas e reintegradas à natureza.
Segundo o biólogo da Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina (ABFPAR), Jorge Sales Lisboa, estes procedimentos fazem parte das ações de recuperação e reabilitação das aves para o retorno ao seu habitat natural. “Esta é uma das fases mais importantes do processo. É na reabilitação que a ave vai ganhar força muscular para alçar novos vôos, reaprender a caçar, entre outras questões específicas à vida selvagem. Neste harpiário e com o acompanhamento dos especialistas, a reintegração desta ave à natureza torna-se muito mais eficiente”, afirma o biólogo.
O registro desta harpia jovem é uma evidência de que a população desta espécie está conseguindo reproduzir nesta região da Floresta Atlântica brasileira.
O Projeto Harpia na Mata Atlântica é uma iniciativa voltada para a pesquisa, reabilitação, reintegração, e conservação da população de harpias de vida livre que habitam as matas dos fragmentos florestais da RPPN Estação Veracel, da CEPLAC e do PARNA Pau-Brasil, no Extremo Sul da Bahia. E graças ao apoio da Veracel Celulose, em parceria com a INPA, INPE, IBAMA, ICMBIO, CIPPA, SOS Falconiformes, ABFPAR e CRAX, o projeto vem possibilitando a inclusão destas aves no Programa de Conservação do Gavião-real, e a reintegração com sucesso destes animais à natureza.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Belezas de minha terra-Domingos Martins, ES.

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terça-feira, 15 de maio de 2012

Acidez do mar dissolverá Abrolhos e colocará biodiversidade em risco

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Foto: RODRIGO DE MOURA/CI-BRASIL
Se você gosta de uma lagosta, ou o crustáceo que for, saiba que se foi servido num restaurante brasileiro, a notícia a seguir lhe interessa. Foi publicado no mês passado um artigo na revista científica americana “PLoS One” em que pesquisadores da Rede Abrolhos anunciaram a descoberta do maior banco de rodolitos do mundo, no litoral entre o norte do Espírito Santo e a Bahia. Os rodolitos são muitas vezes confundidos com corais e se parecem com rochas, mas são algas que produzem calcário, matéria-prima que, uma vez na cadeia alimentar do oceano, vai formar a carapaça que dá forma a crustáceos, moluscos e inclusive corais. São 20 mil quilômetros quadrados de algas — equivalente quase a metade do estado do Rio — e a revelação já nasce com tom de alerta.
- Os recifes de corais são também, em parte, formados por rodolitos. São muito sensíveis ao nível de acidez da água do mar, que está mudando por causa da concentração de carbono na atmosfera absorvida pelo mar – explica o biofísico Gilberto Amado Filho, pesquisador do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico e um dos autores do artigo científico.
Claro que a importância de Abrolhos não se resume à contribuição que dá à riqueza da culinária regional. Se a Amazônia é uma região ainda pouco explorada cientificamente, a biodiversidade que as algas calcárias abrigam neste pedaço do Atlântico Sul também não está suficientemente estudada. Os pesquisadores da Rede Abrolhos, iniciativa do Sistema Nacional de Pesquisas em Biodiversidade e da Conservação Internacional, precisaram de dois anos para estudar o leito oceânico do Banco de Abrolhos, com sonares, mergulhos e submarinos operados por controle remoto. O mapeamento permitiu saber, por exemplo, que 5% de todo o calcário natural produzido no planeta vêm dos rodolitos de Abrolhos, que ocupam área equivalente à existente na famosa Grande Barreira de Corais, na Austrália.
- São mais de 25 milhões de toneladas de carbonato de cálcio (calcário) produzidas por ano na região de Abrolhos. O Brasil deveria dar prioridade à proteção, desde que feita com a devida base científica, e ao estudo permanente deste habitat marinho de inúmeras espécies – complementa Amado Filho.
Não bastasse a luta pela preservação e a manutenção da pesquisa, o subsolo marinho da região de Abrolhos fica bem perto das bacias petrolíferas mais produtivas do país. Antes que o endereço de 45 espécies ameaçadas sucumba ao poder do dinheiro, o diretor de Planejamento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Bernardo Brito, garante que um acordo selado com a Agência Nacional do Petróleo protegeu Abrolhos de leilões de blocos de exploração.
Não se trata apenas de proteger os rodolitos. Outra descoberta registrada no artigo científico foi o mapeamento das “buracas”. Este é o nome dado a depressões no assoalho marinho cobertas por algas e repletas de populações de peixes e recifes de corais. Por se tratar de um local no fundo do mar com águas mais calmas, é o local ideal para a reprodução de peixes.
- A saúde das algas incrustantes evidencia a saúde do ecossistema marinho. Os rodolitos têm poros que servem de abrigo para outras espécies, como pequenos invertebrados. Suas formações contínuas são locais de trânsito de peixes. Pelo menos 25 mil pessoas que vivem nos municípios no litoral da região de Abrolhos dependem da preservação do ecossistema do qual exploram diretamente, como os pescadores artesanais – diz Rodrigo Moura, professor da UFRJ e co-autor do artigo.
Mas assim como os recifes de corais, a vida das algas calcárias, também chamadas de incrustantes, sofre ameaças que vão além das interferências locais, como a pressão extrativista e as mudanças no regime de sedimentação dos rios que efluem rumo à costa da região. O estudo mostra que se o oceano continuar a absorver gás carbônico na mesma escala, e a acidez da água do mar aumentar, os rodolitos, alguns com núcleos de mais de 8 mil anos de idade — como exemplares encontrados em Abrolhos — vão simplesmente se dissolver aos poucos.
A estimativa do estudo, que recebeu destaque no site da revista “Science“ na última semana, é que a destruição das algas calcárias em todo o mundo gere um ciclo vicioso. Neste ritmo de emissões de gás carbônico, os bancos de rodolitos devem parar de se desenvolver em 30 anos. Até 2100, a produção de calcário nos oceanos deve cair em 40%. Quanto mais ácido, menor a capacidade da água do mar em absorver gás carbônico. Como já é sabido, mais CO2 na atmosfera significa maior intensidade do efeito estufa na superfície terrestre. Mais que para o prato de lagosta, as algas incrustantes de nome esquisito têm importância também para o equilíbrio do clima global.
Ampliação de reserva nasce em polêmica
O governo federal, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, quer entregar até a Rio+20, no mês que vem, o decreto presidencial que multiplica a área de preservação ambiental que existe hoje na região de Abrolhos, dos atuais 880 quilômetros quadrados para cerca 92.500 quilômetros quadrados, muito mais que o suficiente para cobrir as algas calcárias. Seria uma notícia perfeita, se cientistas que serviram de consultores do ICM-Bio no projeto não discordassem da demarcação final.
- Do jeito que está, temo que a proposta de preservação que o Instituto Chico Mendes está fazendo servirá apenas para fazer boa imagem durante a Rio+20. Não se consegue vigiar sequer o pedaço que já está em reserva, quanto mais uma do tamanho proposto – critica o biólogo Rodrigo Moura, um dos autores do estudo que mapeou o banco de rodolitos de Abrolhos, com apoio Conservação Internacional, entidade privada sem fins lucrativos, e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. – Um dos objetivos do parque deve ser a sustentabilidade da pesca. A literatura científica sobre áreas de conservação mostra que quando as coisas são feitas de cima para baixo, sem representatividade das partes envolvidas, não dão certo. Os pescadores podem servir de aliados na conservação e eles têm interesse nisso.
A crítica do biólogo tem companhia de colegas de pesquisa de Abrolhos. Sobre a ampliação da área do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, por exemplo, onde é restrita qualquer atividade exploratória, inclusive a de pesca artesanal, o biólogo, professor do Departamento de Biologia Marinha da UFRJ, tem dois argumentos para leigos. O primeiro: como a reserva está instalada no meio do bloco, e o litoral está sob a influência da Corrente do Brasil — uma torrente de água salgada e quente que vem da Linha do Equador em direção ao Sul do Atlântico — a restrição seria inútil para proteger o que está ao Norte do bloco, já que a tendência é que as espécies sigam a corrente. E mais: o que obrigaria um peixe, que está a dezenas de quilômetros da área proibida para pescadores, a migrar até o endereço imaginário e ali prosperar? O ideal, de acordo com Moura e demais pesquisadores da Rede Abrolhos é, em vez de grandes áreas de restrição concentradas em um só ponto, instalar várias outras menores, com possibilidade de mudarem de lugar de acordo com a dinâmica da vida na região, tudo dentro do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental.
O diretor de Planejamento do instituto, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, Bernardo Brito, defende a demarcação proposta. Até o fim de junho, quando ocorrerá a conferência Rio+20, serão feitas quatro reuniões com moradores das principais cidades com litoral no Banco de Abrolhos. Brito garante que a proposta a ser levada à consulta pública foi uma das que mais teve base científica:
- A iniciativa de ampliar a área protegida tem três anos, diversas reuniões com especialistas e uso de uma metodologia de trabalho que congregou vários fatores, como a preservação da biodiversidade. A proposta da área de Refúgio da Vida Silvestre (Revis), por exemplo, teve base em estudos que identificaram ali a maior concentração de baleias jubarte do Atlântico Sul. A pesca intensa, que causa impacto, não vai ocorrer mais.
Na conclusão de Brito, as áreas de restrição pesqueira servirão, inclusive, para que a atividade seja mantida. Na Revis não haverá restrição total, mas apenas entre os meses de junho e novembro, na temporada de reprodução, garante o diretor do Instituto Chico Mendes.
Na apresentação da proposta do governo a ser levada às consultas públicas, disponível na página do ICM-Bio na internet, o instituto informa que o documento tem base em estudo desenvolvido com cooperação técnica da Conservação Internacional. Para Moura, não há necessidade de criar a Revis para proteger as baleias.
- Em reuniões com integrantes da ICMBio, foi falado que haveria investimento de R$ 5 milhões só para a primeira etapa da criação da Revis, um gasto evitável. Só com este dinheiro o governo poderia contribuir para a preservação da baleia jubarte – julga Moura.

Fiscalização de Pesca Ilegal em Abrolhos

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Equipes do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, localizado na cidade de Caravelas no estado da Bahia, e da Superintendência da Pesca e Aquicultura do Estado da Bahia (SFPA/BA), realizaram uma operação de fiscalização na região. O parque é conhecido por receber anualmente as baleias Jubarte (Megaptera novaeangliae), que utilizam suas águas quentes e rasas para acasalamento e reprodução. Foi criado em 1983, sendo uma das primeiras unidades de conservação do bioma marinho no Brasil e está sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Durante a ação foram abordadas três embarcações de pesca, sendo solicitadas documentações de regularização da atividade, tais como registro geral e licença de pesca. A fiscalização foi realizada com a lancha SEAP 11, cedida pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), ao ICMBio.
O MPA possui um termo de cooperação com o ICMBio para utilização da lancha na fiscalização ambiental em Abrolhos e nas Reservas Extrativistas Corumbau, Cassurubá e Canavieiras, no extremo sul da Bahia. A utilização da lancha tem auxiliado na diminuição de ocorrências de pesca ilegal na região.

sábado, 3 de março de 2012

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Flávia Moraes
27 de Fevereiro de 2012



Nesta imagem tirada em 10 de outubro de 2011, largas colunas de fumaça se erguem de campos recém desmatados nas margens do rio Xingu. Crédito: Sensor MODIS, satélite Aqua, NASA.


Existe uma controversia sobre as consequências do desmatamento na quantidade de chuva sobre a Amazônia: há redução ou aumento? Agora a pergunta tem uma resposta: depende da escala. De acordo com cientistas do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, não se pode afirmar sobre as mudanças na precipitação sobre a floresta sem mensurar o tamanho da área desmatada.

No artigo “
A bacia amazônica em transição” (tradução livre de The Amazon basin in transition), publicado em janeiro deste ano na revista Nature, os pesquisadores explicam que desmatar uma pequena área na Amazônia, para agricultura ou pastagem, tende a reduzir a chuva na floresta circundante e aumentá-la sobre a porção desmatada. “Isso porque essa área sem vegetação torna-se mais quente e faz com que o vapor d’água migre da floresta e forme nuvens e chuvas sobre ela. Assim, aumenta a precipitação nesse local desmatado e diminui na floresta”, explica o presidente do Comitê Científico Internacional do LBA, Paulo Artaxo.



Por outro lado, desmatar uma grande área causa uma redução no fluxo de vapor d’água geral, já que se reduziu o montante de vegetação, causando uma diminuição da quantidade de chuva nessa área e também na floresta próxima a ela.

Desmatamento e fluxo dos rios

O que é o LBA?

Inicialmente mantido por acordos de cooperação internacional, desde 2007 o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA, na sigla em inglês) tornou-se um programa do Governo Federal, através do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Com diferentes equipes de cientistas, têm obtido resultados integrados para entender alguns mecanismos que envolvem as interações da floresta com a atmosfera, tanto em condições naturais como em floresta alterada.

O atual desafio do LBA é ampliar o entendimento sobre o funcionamento dos ecossistemas da bacia amazônica, integrando dimensões sociais e econômicas às pesquisas ambientais. Conforme artigo do professor Paulo Artaxo – Quebrando barreiras na pesquisa do clima (PDF anexo), o grupo de cientistas que pensou o projeto tinha a intenção de criar uma base científica através da qual seria possível entender como a região pode ser sustentavelmente desenvolvida. Para isso, estudam os rios e solos, usando imagens de satélites para controlar as mudanças no uso da terra; monitoram a composição atmosférica através de aeronave equipada para isso e analisam os fatores sócio-econômicos que levam ao desmatamento. Também foram instaladas mais de uma dúzia de torres de monitoramento em partes remotas da floresta para medir as variações nos níveis de gases traços, aerossóis, carbono e vapor de água, entre outros, bem como estudar o balanço de energia e o metabolismo das plantas.

Para saber mais acesse o atual
Plano Científico do LBA


O estudo revela outra consequência do desmatamento, a modificação no fluxo de água, observada nos rios Tocantins e Araguaia. A retirada da vegetação provoca um aumento no fluxo d’água e no risco de enchente. Conforme Artaxo, “o fluxo de água dos rios é consequência de uma série de parâmetros, dentre os quais estão a taxa de precipitação e o runoff da bacia hidrográfica (excesso de água que escoa pela superfície, já que o solo está com sua capacidade de infiltração máxima). Com o desmatamento, acelera-se a captação de água pela bacia, aumentando o fluxo e velocidade de drenagem a curto prazo”. A longo prazo a tendência prevista pelos modelos climáticos, de diminuição das chuvas e aumento de temperatura, levariam essas bacias a reduzir seu fluxo pela indisponibilidade de água.

Independente da diminuição ou não da precipitação pelas mudanças do clima, o organizador de projetos do LBA (siga em inglês para o projeto) nos EUA, Eric Davidson, reafirma que a retirada da vegetação por si só já é responsável por essa mudança no fluxo dos rios. “Menos árvores na margem e arredores dos corpos d’água diminuem a captação dela para o processo de evapotranspiração da vegetação. Assim, a água vai direto para os rios, sem intermediários, o que aumenta consequentemente o risco de enchentes”, reforça.

Estação seca prolongada

Ter uma estação seca é a característica natural do clima local da porção sul, sudeste e parte do sudoeste da Amazônia (veja figura abaixo). No entanto, estudos do LBA mostram que a duração desse período seco vem aumentando, como resultado de desmatamento e queimadas. “Não foi observada uma redução nas chuvas em geral, mas uma clara extensão da estação seca na região de Rondônia e Mato Grosso. A grande concentração de aerossóis na atmosfera, proveniente das queimadas, atrasa em duas semanas o início da estação chuvosa, intensificando o período de seca e as emissões dessa atividade”, explica Artaxo.

O aumento de aerossóis na atmosfera, que passa de poucas centenas a mais de 40 mil partículas após as queimadas, interfere na formação das gotículas, que se tornam muito pequenas para precipitar em forma de chuva. Mas a formação de nuvens segue e essa obstrução da luz solar, pela neblina e fumaça, causa estresse nas plantas dificulta a fotossíntese.

Gradiente climático da bacia amazônica: A linha azul demarca a bacia amazônica. As isolinhas brancas indicam, em mm, a média diária de precipitação durante os três meses mais secos do ano – apenas para áreas do Brasil. A seta mostra a diferença natural do clima amazônico, úmido no noroeste e com estação seca em direção ao sudeste. As fronteiras nacionais estão marcadas pela linha pontilhada preta.
Com menos precipitação e dificuldade de fotossíntese, pode haver uma mudança na composição das espécies que hoje formam a floresta, levando a uma transformação do tipo cerrado ou savana. “Mudando o aspecto de floresta com copa fechada para uma área de savana, vai diminuir a umidade do solo e facilitar a proliferação do fogo. Se houver várias queimadas, antes da floresta se recuperar, pode haver uma seleção daquelas que resistem ao fogo, modificando a paisagem”, revela Davidson, lembrando que isso é apenas uma possibilidade e que não se pode estender para a área da bacia como um todo.

Amazônia: fonte ou consumidora de CO2?

A extensão da bacia amazônica (7 milhões de km²) também dificulta a observação do ciclo do carbono em toda a região, fazendo com que não se tenha dados concretos se a floresta como um todo consome ou emite mais CO2 (dióxido de carbono). “Ainda não podemos dizer com certeza se ela é fonte agora ou não, mas podemos afirmar que o desmatamento e a mudança do clima indicam que ela se torne uma fonte de CO2, muito mais do que consumidora. Ainda não podemos dizer se já ultrapassamos essa linha”, conta Davidson.

O fator de maior risco para tornar a Amazônia em uma fonte dióxido de carbono é o fogo, destaca o pesquisador norte-americano. Ele lembra que as secas prolongadas e severas de 2005 e 2010 na bacia amazônica resultaram em muito mais focos de queimadas, logo mais emissões de CO2. O que já se sabe é que as regiões alagadas da floresta vêm atuando como grandes emissoras desses gases.