segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
O barulho não está para peixe
mamíferos marinhos
O barulho não está para peixe
Cientistas descobrem nova fonte de perturbação na vida dos mamíferos marinhos: a poluição sonora nas profundezas
- A A +Carolina Melo
Revista Veja – 22/12/2010
O fundo do mar parece ser um lugar silencioso - mas não é. Um estudo conduzido nos últimos dez anos pelo Programa de Pesquisa Bioacústica da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, e recém-divulgado, concluiu que o ambiente marítimo não está a salvo da poluição sonora. O que perturba as profundezas não é o mesmo ruído da superfície, até porque a propagação do som na água é quatro vezes mais rápida e eficiente do que no ar. Por isso, é natural que mamíferos marinhos e alguns peixes usem o som para se comunicar. Aí está, por sinal, o problema ambiental. Os sons de baixa frequência produzidos pelos propulsores dos navios, turbinas de vento, plataformas petrolíferas e fazendas pesqueiras viajam grandes distâncias no oceano. O barulho reverbera pelas profundezas, e baleias, golfinhos e certos peixes que se comunicam com sons de baixa frequência ficam atordoados, como se estivessem no meio de um permanente show de rock pesado.
Os cetáceos dependem da audição para encontrar alimento, reproduzir-se, fugir de predadores e se manter unidos durante migrações. Por essa razão, a poluição sonora é no mar o que o desmatamento representa em terra: uma redução do habitat. Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que as baleias-francas-do-norte, que se reuniam na Baía de Cape Cod, na costa leste dos Estados Unidos, para se alimentar e acasalar, estão deixando o local. O motivo, eles suspeitam, é o barulho. "Não sabemos para onde os mamíferos foram, mas sabemos que eles não suportam toda essa atividade no mar e partem para locais mais silenciosos", disse a VEJA o americano Chris Clark, coordenador da pesquisa de Cornell. O biólogo Marcos Rossi, do Instituto Baleia Jubarte, explica: "Uma vez que o ambiente marinho está repleto de ruídos, as baleias não apenas têm dificuldade para se orientar pelos barulhos naturais do oceano como também para se comunicar entre si, o que é vital para todas as espécies".
As baleias não são os únicos animais afetados. Os golfinhos, por exemplo, devem estar igualmente incomodados. Ocorre que as francas-do-norte são as mais protegidas e estudadas de todas as baleias. Os pesquisadores chegam a conhecer por um nome próprio cada um dos 350 exemplares identificados no Hemisfério Norte. O interesse decorre da quase extinção da espécie, cuja caça foi proibida em 1935, quando restavam menos de 100 espécimes. Por nadarem devagar e perto da costa, esses animais magníficos, com 17 metros e 70 toneladas, foram presas fáceis dos baleeiros - a ponto de a espécie ser chamada de right (certa, em inglês) . Era a baleia "certa" para ser arpoada. Se for confirmado que o futuro dela está ameaçado pelo barulho, desta vez não há nada a fazer, exceto suspender todo o tráfego marítimo. E isso jamais vai acontecer.
O fundo do mar parece ser um lugar silencioso - mas não é. Um estudo conduzido nos últimos dez anos pelo Programa de Pesquisa Bioacústica da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, e recém-divulgado, concluiu que o ambiente marítimo não está a salvo da poluição sonora. O que perturba as profundezas não é o mesmo ruído da superfície, até porque a propagação do som na água é quatro vezes mais rápida e eficiente do que no ar. Por isso, é natural que mamíferos marinhos e alguns peixes usem o som para se comunicar. Aí está, por sinal, o problema ambiental. Os sons de baixa frequência produzidos pelos propulsores dos navios, turbinas de vento, plataformas petrolíferas e fazendas pesqueiras viajam grandes distâncias no oceano. O barulho reverbera pelas profundezas, e baleias, golfinhos e certos peixes que se comunicam com sons de baixa frequência ficam atordoados, como se estivessem no meio de um permanente show de rock pesado.
Os cetáceos dependem da audição para encontrar alimento, reproduzir-se, fugir de predadores e se manter unidos durante migrações. Por essa razão, a poluição sonora é no mar o que o desmatamento representa em terra: uma redução do habitat. Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que as baleias-francas-do-norte, que se reuniam na Baía de Cape Cod, na costa leste dos Estados Unidos, para se alimentar e acasalar, estão deixando o local. O motivo, eles suspeitam, é o barulho. "Não sabemos para onde os mamíferos foram, mas sabemos que eles não suportam toda essa atividade no mar e partem para locais mais silenciosos", disse a VEJA o americano Chris Clark, coordenador da pesquisa de Cornell. O biólogo Marcos Rossi, do Instituto Baleia Jubarte, explica: "Uma vez que o ambiente marinho está repleto de ruídos, as baleias não apenas têm dificuldade para se orientar pelos barulhos naturais do oceano como também para se comunicar entre si, o que é vital para todas as espécies".
As baleias não são os únicos animais afetados. Os golfinhos, por exemplo, devem estar igualmente incomodados. Ocorre que as francas-do-norte são as mais protegidas e estudadas de todas as baleias. Os pesquisadores chegam a conhecer por um nome próprio cada um dos 350 exemplares identificados no Hemisfério Norte. O interesse decorre da quase extinção da espécie, cuja caça foi proibida em 1935, quando restavam menos de 100 espécimes. Por nadarem devagar e perto da costa, esses animais magníficos, com 17 metros e 70 toneladas, foram presas fáceis dos baleeiros - a ponto de a espécie ser chamada de right (certa, em inglês) . Era a baleia "certa" para ser arpoada. Se for confirmado que o futuro dela está ameaçado pelo barulho, desta vez não há nada a fazer, exceto suspender todo o tráfego marítimo. E isso jamais vai acontecer.
Fonte: Planeta sustentável.
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